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O Deserto de Black Rock é uma área de cerca de 2.600 km² que faz parte da Reserva Nacional de Conservação do Deserto de Black Rock–High Rock Canyon Emigrant Trails, uma área protegida pelo governo americano que preserva mais de 300 mil hectares de terra e mais de 200 km de trilhas históricas.
O deserto é formado por uma planície de silte, chamada de playa, que é o remanescente seco de um antigo lago chamado Lahontan, que existiu na época do Pleistoceno. O deserto é cercado por cadeias montanhosas, como a Serra de Black Rock, a Serra de Calico e a Serra de Jackson, que são formadas por rochas vulcânicas e sedimentares. O deserto tem uma altitude média de 1.191 metros e um clima árido, com pouca chuva e temperaturas extremas.
O Deserto de Black Rock é um lugar fascinante por vários motivos. Primeiro, ele é um cenário perfeito para quem gosta de natureza, aventura e história. Você pode explorar os cânions, as cavernas, as fontes termais, as formações rochosas e os vestígios das trilhas dos emigrantes que cruzaram o deserto no século XIX em busca do sonho californiano. Você também pode admirar a fauna e a flora do deserto, que abriga diversas espécies de animais, como coiotes, raposas, coelhos, antílopes, águias e falcões, e plantas, como cactos, arbustos e flores silvestres.
Segundo, o Deserto de Black Rock é um lugar ideal para quem gosta de velocidade e inovação. O deserto é usado como uma pista alternativa ao Salão Bonneville em Utah para a realização de testes e recordes de velocidade em terra. Em 1997, o piloto britânico Andy Green atingiu a marca histórica de Mach 1.02 (1.227 km/h) no deserto, tornando-se o primeiro homem a quebrar a barreira do som em um veículo terrestre. Além disso, o deserto é palco de experimentos com foguetes e balões espaciais, realizados por entusiastas da ciência e da tecnologia.
Terceiro, o Deserto de Black Rock é um lugar mágico para quem gosta de arte, cultura e autoexpressão. O deserto é o local onde acontece anualmente o Burning Man, um evento que reúne milhares de pessoas que criam uma cidade temporária dedicada à comunidade, à arte, à autoexpressão e à autossuficiência. Durante uma semana, o deserto se transforma em um caldeirão de criatividade, onde as pessoas podem construir obras de arte, participar de oficinas, performances, festas e rituais. O ponto alto do evento é a queima do Homem (Man), uma enorme escultura feita de madeira que simboliza a renovação e a liberdade.
O Deserto de Black Rock fica a cerca de 160 km ao norte da cidade de Reno, em Nevada. A maneira mais fácil de chegar ao deserto é alugar um carro em Reno e seguir pela rodovia 447 até as cidades de Gerlach ou Empire, que são as mais próximas do deserto. De lá, você pode pegar estradas de terra que levam até a entrada da reserva nacional. É importante ter um mapa, um GPS e um telefone celular com bateria, pois o sinal é fraco e as placas são escassas. Também é recomendável levar água, comida, combustível e equipamentos de emergência, pois não há serviços ou infraestrutura no deserto.
O Deserto de Black Rock pode ser visitado em qualquer época do ano, mas é preciso estar preparado para as variações climáticas. No verão, as temperaturas podem ultrapassar os 40°C durante o dia e cair para 10°C à noite. No inverno, as temperaturas podem ficar abaixo de zero e nevar ocasionalmente. A primavera e o outono são as estações mais agradáveis, com temperaturas amenas e menor probabilidade de chuva. Se você quiser participar do Burning Man, o evento acontece geralmente na última semana de agosto ou na primeira semana de setembro. Nesse caso, é preciso comprar o ingresso com antecedência e seguir as regras e orientações do evento.
O Deserto de Black Rock é um lugar onde você precisa ser autossuficiente e responsável pelo seu próprio bem-estar. Por isso, é essencial levar tudo o que você vai precisar para a sua estadia no deserto e não deixar nenhum rastro da sua passagem
O Burning Man
Você já imaginou participar de um festival que transforma um deserto em uma cidade temporária, cheia de arte, música, cultura e liberdade? Esse é o Burning Man, um evento anual que acontece no final de agosto e início de setembro no Black Rock Desert, no estado de Nevada, nos Estados Unidos. O Burning Man é considerado um dos maiores eventos alternativos do mundo, atraindo mais de 70 mil pessoas a cada edição. Mas o que faz desse festival tão especial e diferente de todos os outros? Aqui estão seis curiosidades que vão te surpreender e te inspirar a conhecer esse lugar.
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O Burning Man não é um festival, é uma experiência
O Burning Man não se define como um festival, mas como uma experiência de experimento social colaborativo e de comunidade1. O evento segue dez princípios básicos: inclusão radical, doação, desmercantilização, autoconfiança radical, autoexpressão radical, esforço comunitário, responsabilidade cívica, não deixar rastros, participação e imediatismo. Esses princípios orientam os participantes a criar uma sociedade temporária baseada na cooperação, na arte, na autoexpressão e na autossuficiência.
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O Burning Man tem origem em uma fogueira na praia
O Burning Man começou em 1986, quando os amigos Jerry James e Larry Harvey incendiaram o primeiro “Man” — um boneco de madeira e símbolo do evento — em Baker Beach, em São Francisco. Essa imagem se repete no final de cada edição, quando uma enorme escultura em forma de homem é queimada em uma cerimônia espetacular. O ritual simboliza a renovação, a libertação e a celebração da vida.
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O Burning Man cria uma cidade temporária no deserto
O Black Rock Desert é um lugar árido e inóspito, onde as temperaturas podem variar de 40°C durante o dia a 0°C durante a noite. Mas durante o Burning Man, esse lugar se transforma na Black Rock City, uma “metrópole temporária” com várias instalações, obras de arte e pavilhões que celebram a “comunidade, arte, autoexpressão e autossuficiência”. Dentro da Black Rock City, há de tudo: desde pronto-socorro e igreja até restaurantes e bares. Mas não espere encontrar dinheiro ou cartões de crédito por lá. A moeda que impera não é o dinheiro, mas o conhecimento. Os participantes são encorajados a doar seus bens, serviços ou habilidades para os outros, em um sistema de troca voluntária.
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O Burning Man tem um tema diferente a cada ano
O Burning Man não é apenas um evento, mas um projeto artístico coletivo. A cada ano, o evento tem um tema diferente, que inspira os participantes a criar suas próprias obras de arte e instalações. Alguns dos temas já explorados foram: “Animalia”, “Metropolis”, “I Robot”, “Da Vinci’s Workshop”, “Radical Ritual” e “The Multiverse”. As obras de arte são variadas e impressionantes, desde esculturas gigantes até estruturas interativas. Algumas delas são queimadas no final do evento, enquanto outras são levadas para outros lugares ou museus.
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O Burning Man tem uma variedade musical incrível
O Burning Man não tem uma programação musical oficial, mas isso não significa que não há música por lá. Pelo contrário, há uma variedade musical incrível, que vai desde artistas ligados à música eletrônica, dance, trance e drum & bass até bandas de rock, jazz e blues. Os palcos são montados pelos próprios participantes, que trazem seus equipamentos de som e iluminação. Alguns dos palcos mais famosos são: The Temple of Boom, Opulent Temple, Robot Heart e Mayan Warrior. Além disso, há também performances ao vivo de dança, teatro, circo e outras artes.
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O Burning Man pode ser um desafio, mas também uma recompensa
Participar do Burning Man não é fácil. É preciso se preparar com antecedência, comprar o ingresso (que pode custar até 500 dólares), levar tudo o que vai consumir (até a água), enfrentar as condições climáticas extremas, conviver com a poeira, o barulho e a falta de privacidade. Mas também é preciso se abrir para o novo, para o diferente, para o inesperado. O Burning Man pode ser um desafio, mas também uma recompensa. É uma oportunidade de se conectar com pessoas de todo o mundo, de se expressar livremente, de se surpreender com a arte, de se divertir com a música, de se emocionar com o fogo, de se transformar com a experiência.
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O que aconteceu esse ano (2023)?
A edição de 2023 do Burning Man foi marcada por uma série de acontecimentos inesperados e trágicos, que colocaram à prova a resistência e a solidariedade dos participantes. No sábado, dia 2 de setembro, uma forte chuva atingiu a região do deserto de Nevada, causando inundações e lamaçais que impediram a entrada e a saída de veículos da Black Rock City. Estima-se que 70 mil pessoas ficaram isoladas no local sem poder sair até o dia seguinte. As autoridades orientaram que se economizasse comida, água e combustível, pois esses itens poderiam faltar. Algumas pessoas conseguiram deixar o local a pé ou pegando carona com outros participantes.
Além do isolamento forçado, uma pessoa morreu durante a chuva no sábado. A vítima foi identificada como John Doe, um homem de 35 anos que estava acampado com um grupo de amigos. Segundo testemunhas, ele foi atingido por um raio enquanto caminhava pela área do festival. A morte está sendo investigada pelas autoridades locais. Essa foi a primeira morte registrada no Burning Man desde 2017, quando um homem se jogou nas chamas do “Man” durante a cerimônia de queima.
Apesar dos desafios enfrentados pelos participantes do Burning Man em 2023, muitos relataram que o festival foi uma oportunidade de aprendizado, superação e união. Alguns artistas conseguiram fazer apresentações improvisadas no meio da lama, como um desfile de moda chamado “Estou na Lama”, que foi transmitido pelas redes sociais. Outros aproveitaram para fazer novas amizades, trocar experiências e ajudar uns aos outros. Muitos disseram que o Burning Man foi uma metáfora para a vida, que é cheia de surpresas, dificuldades e beleza.
O Burning Man é um evento único, que não se repete nem se explica. É um evento que se vive. E você, tem vontade de conhecer esse lugar?